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Entrevista | Plínio de Castro vê falta de articulação política para solucionar infraestrutura rodoviária ao Oeste

Por: Marcos Schettini
30/01/2020 12:45 - Atualizado em 30/01/2020 12:52
Axe Schettini/LÊ

Reconhecido como importante liderança do Oeste, o prefeito de São José do Cedro, no Extremo-Oeste, chega tranquilo e com muitas realizações ao último ano do segundo mandato. Presidindo a Associação dos Municípios do Extremo-Oeste de Santa Catarina (Ameosc), importante rota do Estado que faz divisa com a Argentina, Antônio Plínio de Castro observa a falta de infraestrutura rodoviária no Oeste catarinense por ausência de firme articulação política nos últimos 20 anos.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Plínio de Castro não descartou disputar as eleições em 2022, diz reconhecer o senador Esperidião Amin como um dos maiores quadros do Brasil, lembrou das dificuldades dos prefeitos e observou a necessidade do Progressistas em conquistar espaço nas maiores cidades do Estado. Ainda, comentou o processo de impeachment do governador Moisés que, segundo ele, renderá uma “boa discussão” na Alesc. Confira:

Marcos Schettini: As eleições municipais de 2020 vão ter o reflexo daquela de 2018?

Antônio Plínio de Castro: Na minha avaliação, nenhuma eleição é igual a outra. Com o passar do tempo, o eleitor se modifica e muda também a sua forma de pensar e analisar seus representantes. Portanto, eu não vejo que a eleição de 2020 seja igual a de 2018. Penso que naquela eleição o povo resolveu dar um basta nas lideranças ou partidos tradicionais que já vinham há mais de 20 anos no governo, era uma eleição nacional e a população enxergou as mudanças que eles procuravam no então candidato Bolsonaro, e com ele arrastaram todos os demais país afora.

A eleição municipal é diferente, especialmente nos pequenos municípios, creio que deverá ser analisada no âmbito local, no entanto, nos grandes centros, acredito que terá ainda a influência do Governo Federal. Sendo assim, a eleição de 2020 não será igual a de 2018, aliás, nenhuma eleição é igual a outra porque existem fatores que mudam completamente o quadro a cada eleição.

Schettini: O que a classe política tirou daquela eleição que possa ser levado a sério?

Plínio: Acredito que o que ficou como legado da eleição de 2018 é de que o candidato precisa saber que ele está sendo mais bem acompanhado e avaliado. Posso usar aqui, como exemplo, as redes sociais, onde cada eleitor pode fazer a sua análise e não foi influenciado por ninguém. Ele mesmo toma a decisão conforme a sua visão ou expectativa daquilo que um candidato representa.


Prefeito Plínio de Castro em conversa com o jornalista Marcos Schettini, em seu gabinete, em São José do Cedro (Foto: Axe Schettini/Lê)

Schettini: A chamada nova política tem o que de verdade e de ilusão?

Plínio: Penso que não existe nova política e nem velha política, o que de fato existe é a má e a boa política: a boa política é aquela que traz resultados e boas práticas do poder público na vida de todas as pessoas e a má política é tudo o que vimos acontecer no país nos últimos anos e que o povo não aceita mais e que nunca deveria ter aceitado.

Schettini: O debate do impeachment do governador Carlos Moisés é uma realidade ou mudou o cenário de 2018?

Plínio: O impeachment é uma realidade porque ele está protocolado na Assembleia Legislativa e é lá que farão esta análise, no entanto, o governador do Estado ainda tem um período para provar que poderá fazer uma boa gestão. Nós não podemos descartar esta possibilidade de impeachment, mas não sei se atualmente o quadro já está criado para este tipo de processo, portanto, é evidente que o cenário de 2018 é outro hoje, não é mais a mesma coisa.

Schettini: Como o senhor vê o papel da Assembleia Legislativa nesta questão?

Plínio: A questão do impeachment é um processo extremamente político e não será diferente na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Ele será avaliado no ponto de vista político, embora tenha responsabilidades, o Poder Legislativo atua neste segmento e com esta finalidade, isto é constitucional. Penso que o governador tem problemas até na sua base de apoio, ou seja, deputados do seu partido, portanto, isto deverá render uma boa discussão.

Schettini: O Progressistas elegeu Esperidião Amin senador, mas o partido sofreu na proporcional. Por quê?

Plínio: O senador Esperidião Amin é uma liderança consagrada, e não apenas em Santa Catarina, mas no Brasil. Ele é um dos melhores quadros do país.

Na eleição de 2018 o eleitor tirou muita gente que estava na política há muito tempo e elegeu muita gente sem ter conhecimento, não diferenciado aqueles que tinham uma atuação limpa para com a sociedade daqueles que adotavam práticas apenas em benefício próprio e isso está custando caro para a sociedade nos dias de hoje.

Este não é o caso do senador Amin, que já tem um currículo de mandatos muito bem avaliado, um senador probo, que não responde a nenhum processo na área de corrupção, e são esses fatores que levaram o senador Esperidião Amim ser eleito em 2018.

Já na proporcional, o partido pagou o preço deste movimento político nos moldes do presidente da República durante o período eleitoral de 2018, talvez, por estar de coadjuvante no âmbito nacional de todos os governos nos últimos anos.

Schettini: Qual a dificuldade dos prefeitos de agora em diante?

Plínio: A maior preocupação de todos os prefeitos que estão finalizando os mandatos, ou seja, que não são candidatos à reeleição, é fechar as contas e passar o governo aos seus sucessores atendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas eu sou um otimista por natureza. Penso que o Brasil está melhorando e vai melhorar ainda mais e acredito veementemente que o pior já passou.

Desde que eu acompanho as eleições, e isso já faz 30 anos, de todos os mandatos que tive, os piores mandatos para os prefeitos foi o mandato passado e este atual. Digo que foram os piores por diversas questões, com períodos de recessão, cassação de mandato de presidente e a instabilidade econômica e política no país. Mas agora já me parece que estamos vendo uma luz no fim do túnel e que as coisas tendem a melhorar e não a piorar.

Schettini: Onde o partido do senhor tem mais desafios em outubro?

Plínio: No ponto de vista progressista, nós já temos uma tradição com a eleição de um determinado número de prefeitos no Estado de Santa Catarina, e neste ano não será diferente. Nós deveremos ampliar o número de prefeitos e vereadores. Acho que os nossos maiores desafios estão nos maiores centros, ou seja, nas maiores cidades do Estado. São nesses locais que o partido precisa intensificar suas ações, juntamente com as lideranças, para que possamos sair com bons resultados da eleição de prefeitos e vereadores em outubro.

Schettini: As lideranças falam de seu nome para deputado federal em 2022. É seu desafio?

Plínio: Todas as eleições que participei, sem qualquer exceção, foram resultado da vontade de um grande número de lideranças e resultado do planejamento de um projeto futuro, e desta vez não será diferente. Talvez, em 2022, serei candidato a um bom cabo eleitoral ou não, eu não descarto absolutamente nada neste momento. Mas hoje estou focado em concluir o mandato de prefeito e esta avaliação das eleições de 2022 ficará para o futuro. Logicamente, não passa pela vontade pessoal individual, isto será discutido com as lideranças da região e com todas as lideranças do nosso partido. Além disso, será feita uma completa avaliação do quadro. Hoje eu não descarto e nem confirmo nada.

Schettini: As estradas do Extremo-Oeste estão jogadas às moscas. De quem é a culpa?

Plínio: A culpa é da inércia dos governos dos últimos 20 anos. Tanto do Governo do Estado quanto do Governo Federal. Todos, sem exceção, relegaram o Oeste do Estado na sua infraestrutura rodoviária, não reconhecendo o tamanho e o peso da economia desta região e divisas que produz para o Estado e para o país.

Infelizmente, esta é a nossa realidade, tanto as rodovias estaduais quanto as rodovias federais estão jogadas às traças. Para mudar isso, nós precisamos ampliar a nossa representação política na região, precisamos de representantes que vivem aqui e participam dos acontecimentos do Oeste, no dia a dia, mas acima de tudo, que tenham capacidade de articulação para reivindicar e fazer com que as obras tão necessárias nas rodovias sejam de fato concretizadas. É disso que a nossa região precisa para continuar o progresso. A sociedade como um todo faz a sua parte, mas infelizmente os governos estaduais e federais nos últimos 20 anos não reconheceram o Oeste catarinense quanto a importância da infraestrutura rodoviária.

Se você for para qualquer Estado verá a diferença das rodovias, e isso é fator de trancamento do desenvolvimento.

Nenhum discurso, seja ele de efetivação do homem do campo, de crescimento das cidades ou de prestigiamento dos pequenos municípios, se concretiza se não tiver investimento em infraestrutura. E a primeira delas, no nosso caso, é a infraestrutura rodoviária.


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